sexta-feira, 16 de março de 2007

A carrinha do Sudoeste 2000

A manada dos cães da lixa do fomos todos decidiram ir a um festival de verão. Escolheram o cartaz do sudoeste que naquele ano era formidável…



Dani conhecia um internacional portuense de seu nome Cosme, que com os seus trinta e tal anos conhecia os festivais todos e era um verdadeiro devorador de música… Ficou logo combinado irmos com ele até porque ele ia arranjar uma carrinha porreira onde podíamos ir todos. Com um único problema: a carrinha já não andava à muito tempo e tínhamos que pagar o seguro. Mas como éramos prái 8, não ficava muito caro. Ele até dizia que aquilo tinha fogão e podíamos cozinhar o que quiséssemos.

Combinamos às 23 de Quinta-Feira, dia 03 de Agosto de 2000, em casa do Filipe. Lá fui ter eu, Johnny, Quim e Filipe e depois ficaram de lá passar Dani e Cosme na carrinha.

Ao longe já se ouvia: nééééééééénn… E lá chegaram numa p***ta de uma volkswagen antiga (tipo anos 60), cor de laranja… “Que merda é esta?”, dizia o Johnny. Salta lá de dentro o Dani a rir-se: “Está aqui a p***!” (Sim, as expressões dele já são antigas). Lá examinamos a carrinha… Tinha fogão, 3 bancos e se abríssemos a caixa no tecto, fazia uma cama em cima que dava para dois internacionais descansarem à vez… “Ok vamos a isto!!!”. E lá nos fizemos à estrada.



Deu logo para perceber que a viagem ia ser longa… muito longa… Na auto-estrada, sempre pela via da direita e… devagar… bem devagar… Alguns aproveitavam a cama para dormir, pois afinal era madrugada. Fizemos algumas paragens. A primeira das quais, julgo que foi em Espinho. Comemos alguma coisa e queríamos metemo-nos logo a caminho. Isto se a carrinha arrancasse. Mas ela não queria. Foi então que alguém se lembrou de ligar o gás do fogão. “Ui, arrancou!!!”. Pois também não percebi. Mas a verdade, que depois nós confirmamos, era que ligar o gás do fogão fazia com que a carrinha pegasse melhor… Ya… Tá-se bem…

Toda a gente ultrapassava-nos. Cosme não dominava muito bem as mudanças. Às vezes tinha uma terceira metida e tentava meter a quarta mas a p*** ia para a segunda e a carrinha “Nééééééé”… Uma barulheira infernal…

Parámos outra vez no Pombal e aí teve de abastecer. Ainda nem 300km tínhamos feito e já tinha ido um depósito inteiro. “Fdx, como é possível?”. Mas siga a camioneta…

Na ponte Vasco da Gama, Cosme estava-se a sentir. Com um veículo longo pela frente, meteu o pisca do lado esquerdo e mudou de faixa para ultrapassar. Carregou no acelerador a fundo e Nééééééé… Teve quase, mas a ponte começou a subir um pouco e… Pisca do lado direito e voltamos à origem, atrás do veículo longo… Mas estivemos quase... Eu pelo menos acreditei...

Às 10 horas do dia seguinte, ou seja 11 horas depois da largada, chegamos ao Alentejo… Todos rotos, todos partidos... E o festival ainda não tinha começado…

Alvarenga (o indivíduo que consegue juntar na mesma personalidade o falar e pensar mais rápidos da zona de Balselhas com a maior lentidão a jogar futebol) tinha ido de camioneta e juntou-se ao grupo. Sem dúvida uma grande mais valia…

Acampamos e depois fomos dar umas voltas por Zambujeira e depois São Teotónio…

No meio das planícies alentejanas e sem avistarmos uma pessoa ou casa à já largos kilómetros, a carrinha começa a soluçar, abranda e pára. “Ficamos sem gasosa outra vez”, disse Cosme. “Como é possível? E agora?”. Era possível porque o indicador da gasolina abanava tanta que em qualquer momento não sabíamos se o depósito estava totalmente cheio ou vazio… No meio do desespero, Dani olha pela janela do lado esquerdo e, gaguejando um pouco, replica: “Ágá Ágá Ágá Ágá ÁGÁLLLLPPPP!!!!”. No meio do deserto Alentejano, sem sinal de vida por perto a carrinha foi ficar sem gasolina logo ao lado de um pequeno posto de gasolina da Galp… Era a nossa salvação…

Dissémos ao Alvarenga que já tínhamos atestado o depósito duas vezes. Diz ele: “Fdx… Essa merda dá prái 20 litros aos 100!!! Esta merda consome mais que um Ferrari…”. Nunca mais pusemos a p***a da capota para cima para usar a cama…

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O Festival foi espectacular e teve grandes momentos altos:

O maior men do festival: Men tronco nú com dois tachos amarrados aos calções num lado e um cinturão de balas no outro!!!

O maior escaldão: No primeiro dia na praia de São Teotónio… Parecíamos cães ao sol…



A maior corrida: Atrasados para o concerto dos Placebo, saímos da carrinha e fomos a correr aí 2 kilómetros pelo meio dos campos até ao recinto…

A noite de maior desgaste: Depois do escaldão, da corrida, vimos Placebo, Beck e Bush… Sem vacilar…

O maior mocheiro de casa dele: Dani no último concerto da primeira noite que eram os Bush, adormeceu no meio do moche!!!

O gajo mais Lost in Alentejo: Dani perdeu-se à ida para a tenda...

O momento deja vu: Quando íamos na carrinha entrou um men que disse que era australiano. Ainda hoje eu acho que era o baixista dos Guanos Apes…

O concerto mais curto: Oásis depois de tocarem 15 minutos foram expulsos à pedrada do palco…

O concerto onde levamos mais pau velho: Guano Apes. Fdx parecia uma selva no moche…

O gajo mais magro do festival: Filipe passou fome velha…

Melhor local para tomar banho: No balneário do clube de futebol de S. Teotónio. Soube a ouro…

Malta porreira: Os alentejanos são mesmo uns porreirássos.

1 comentário:

Anónimo disse...

Boas! Estou interessada em comprar uma carrinha dessas. Se me poderes arranjar alguma informação de onde possa comprar ou algo do genero envia um e-mail para kitah_7@hotmail.com.
Obrigada